segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

A c o r d e

O que me incomoda,
Entala, atravessa a garganta,
Por não saber ajudar,
É que somos todos reféns de um mesmo sistema.

Vivemos para trabalhar,
Trabalhamos para viver,
"Sustentados" por taxas incapazes de comprar o mínimo de felicidade.

Estudo?
Se transforma em todo aquele sacrifício,
Que só faz quem pode,
Para um dia TER mais.

Ter o que?
Contas recheadas de grana para pagar nossa velhice?
Se é que chegaremos lá:
Com tantos assassinatos,
Epidemias,
Guerras,
Acidentes,
Ataques do coração que não suportaram nossa corrida pelo dinheiro.

Isso tudo é um lado dessa realidade,
A maioria das pessoas não sabem o que vieram fazer no mundo.
Não é a questão mais fácil de ser respondida,
Mas quem disse que o melhor não seria difícil?

Sua marca no mundo,
O sentido e motivo de acordar todos os dias,
Se perde...

É difícil enxergar a realidade,
Ver que tanta gente precisa de motivação,
E não poder ajudar,
Mas não é minha culpa,
Nem deles,
É de todo um sistema que passa a escravizar,
Um por um.

Se fosse fácil não teríamos a chance de lutar,
A mudança é de dentro para fora,
Sinta o que te move,
Cative o bem,
Só não deixe essa chama apagar,
Senão será só mais alguém,
Mais uma mente seca,
Que não pôde germinar.


quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Relato de uma sombra da cidade

    Andava, com passos largos em direção à vida, independente do quanto o sol iluminasse seu rosto, era mais um domingo de agosto.
    Era tudo inédito, as lojas, as árvores, as pessoas. Os olhares eram os de sempre: profundos e perigosos, que era melhor evitá-los por precaução.
    Podia ser recomendado, desviar dos olhares como fazem nas grandes cidades, mas ela era teimosa, gostava do desconhecido, atrevia se julgasse necessário, ou por pura curiosidade.
    Na verdade não passavam de impulsos, ações involuntárias de sua alma. Até que parou, estática, nem a sombra dos prédios conseguiram apagar o olhar daquela garotinha que chamava com os olhos, espelhos daquela alma tão rica e corpo tão pobre.
   Infelizmente era comum, essa gente que julgavam indigente, espalhadas pelas cidades. Mas ela não era assim, e naquele dia desprovida da ignorância humana, sentiu, o que ela estava sentindo, e seu coração sorriu, porque ela queria doar o que a menina precisava, mas não tinha tanto o que dar naquele momento.
   Desejou muita luz, e tudo mais que fosse necessário a sua família, mas nada disse, se virou e seguiu em, frente, mas não pôde evitar, lágrimas sorrateiras fugiram de seus olhos sem que percebesse. Foi aí que sentiu toda a dor do mundo, concluindo que era muito pesado carregar esse peso sozinha.


~Escrito em novembro de 2016

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Ânsia de escrever

Incrível como escrever se torna essencial,
Uma necessidade,
Seguro refúgio de quem atua sobre as palavras,
Derrama seus sentimentos,
Jorra em folhas todo o peso que incomoda,
Como se pudesse ficar mais leve,
Redigir seria então uma terapia,
Uma arte, 
Ou o amigo passivo de todas as horas.

Posso fugir ou tentar esquecer,
Mas é incontrolável,
Dias sem contar a minha história,
A alguém inanimado,
Papéis quase que rasurados,
Os quais posso nunca mais ler,
Ou até julgá-los inúteis.

Mas há de existir um sentido,
Uma resposta,
É provável que seja um eterno questionamento,
Procurando senso ou direção,
De um coração artista,
Uma vida em busca de ação.


~ Escrito em 20/01/2017