quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Relato de uma sombra da cidade

    Andava, com passos largos em direção à vida, independente do quanto o sol iluminasse seu rosto, era mais um domingo de agosto.
    Era tudo inédito, as lojas, as árvores, as pessoas. Os olhares eram os de sempre: profundos e perigosos, que era melhor evitá-los por precaução.
    Podia ser recomendado, desviar dos olhares como fazem nas grandes cidades, mas ela era teimosa, gostava do desconhecido, atrevia se julgasse necessário, ou por pura curiosidade.
    Na verdade não passavam de impulsos, ações involuntárias de sua alma. Até que parou, estática, nem a sombra dos prédios conseguiram apagar o olhar daquela garotinha que chamava com os olhos, espelhos daquela alma tão rica e corpo tão pobre.
   Infelizmente era comum, essa gente que julgavam indigente, espalhadas pelas cidades. Mas ela não era assim, e naquele dia desprovida da ignorância humana, sentiu, o que ela estava sentindo, e seu coração sorriu, porque ela queria doar o que a menina precisava, mas não tinha tanto o que dar naquele momento.
   Desejou muita luz, e tudo mais que fosse necessário a sua família, mas nada disse, se virou e seguiu em, frente, mas não pôde evitar, lágrimas sorrateiras fugiram de seus olhos sem que percebesse. Foi aí que sentiu toda a dor do mundo, concluindo que era muito pesado carregar esse peso sozinha.


~Escrito em novembro de 2016

2 comentários:

  1. Lindíssimo!! Vem mesmo dá alma essas palavras. Parabéns pela delicadeza de sentimentos. <3

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